Resistance foi um dos porta estandartes da PS3, tendo sido lançado na génese da consola, mas apesar da recepção mista, era inegável que este novo título iria ganhar uma série própria, e tal foi confirmado com o lançamento de Resistance 2 no fim do ano passado. Durante a E3 2008 foi revelado que a Bend Studio equipa responsável pelo desenvolvimento de Syphon Filter: Dark Mirror e Syphon Filter: Logan's Shado iria estar por trás de uma nova aventura de Resistance a decorrer desta vez na PSP com o nome de Resistance Retiribution, com a qualidade dos títulos feitos por esta equipa, os níveis de expectativa cresceram drasticamente para a “resistência portátil”.
O primeiro Resistance foi uma grande surpresa vinda da Insomaniac, criadores de Ratchet & Clank, que se iniciaram no mundo dos FPS com um jogo que opunha os humanos, contra uma raça desconhecida, os Quimera, seres mutados vindos da Europa soviética pouco tempo antes de rebentar a segunda grande guerra. Esta invasão alterou o curso da história e agora a Europa vive uma crise humana, em que os invasores
conquistam os territórios e usam os humanos como cobaias e forma de propagar a espécie. Resistance Retribution, segue a história do primeiro, servindo de elo de ligação para o segundo episódio. Nesta nova aventura seguimos a história de James Grayson, um soldado que após matar o seu irmão num estado de conversão avançada, inicia uma missão de vingança, de forma a destruir o maior número de centros de conversão Quimerianos. Após capturado Grayson é dado como desertor e preso com sentença de morte, mas esta não chega a ser cumprida pois os Marquis oferecem a Grayson a hipótese de se salvar, desde que este se junte à resistência.
Resistance Retribution é um Shooter em 3D onde a câmara acompanha a personagem pelas costas. De forma a contornar a falta de um segundo analógico a Bend Studio construiu um interface (já usado nos Syphon Filter da PSP) onde o analógico controla a personagem e os botões frontais são usados para movimentar a câmera, o botão R dispara as armas, o L usa o disparo secundário de cada arma e por fim o direccional tem uma função para cada direcção, como recarregar a arma, mudar de arma, subir plataformas, mergulhar, carregar em botões, fazer mira, entre outras funcionalidades. Os comandos são práticos e facilmente utilizados, sendo que rapidamente se esquecem da necessidade de um segundo analógico.
Grayson consegue realizar acção que Nathan Hale não faz nos outros Resistance, desde mergulhar, trepar caixas ou rebordos, por vezes, temos secções onde controlamos robôs blindados e abrimos caminho à força, em outros casos podemos usar metralhadoras fixas para parar hordas de inimigos. Certos inimigos requerem estratégia para serem eliminadas, como alguns Quimerianos que só podem ser mortos com um tiro na cabeça antes que se aproximem da personagem e rebentem causando dano. Por vezes Grayson têm a companhia de colegas ou aliados mas estes tendem a separar-se ou mesmo morrer pelo caminho, obrigando-nos a andar quase sempre sozinhos.
Em termos de apresentação Resistance Retribution faz um excelente trabalho em manter não só um visual soberbo como uma framerate quase impecável. Os cenários estão recheados de pormenores como destroços, mobiliário ou maquinaria e todos estes elementos estão muito bem polidos, tal como o modelo das personagens, estando entre o melhor que já foi visto na portátil. As Cutscenes que dividem os cenários usam um motor gráfico mais forte e com mais detalhe e alguma da história é também contada através de imagens antigas ou versões distorcidas dos jornais ou fotografias da época. Por fim é preciso dar destaque aos efeitos de luz e de água que estão estão ao mesmo nível do melhor que foi visto na PS2.
O áudio é soberbo com um trabalho vocal muito bem realizado, cada personagem tem o sotaque correspondente ao seu país, embora todos falem um inglês correcto. Algo que se nota de imediato é a diferença de atitude entre Grayson e Hale, o estilo reservado do herói da PS3 é totalmente oposto ao de Grayson que tem uma atitude bastante mais agressiva e determinada o que se nota no trabalho vocal do actor. Quanto à música, aqui não existe diferença entre Retribution e qualquer outro jogo em qualquer plataforma, as faixas musicais são épicas e electrizantes, especialmente em combate.
Se misturar-mos a voz, a musica e ainda os sons ambiente à filme de ficção com monstros, então o departamento sonoro consegue competir com qualquer outra consola.
Apesar dos vários níveis de dificuldade do modo campanha, Resistance Retribution ainda proporciona largas horas de diversão, quer em Multiplayer local como Online, em vários modos de jogo tradicionais e alguns inovadores como o modo Infection, que permite como o nome indica, que os jogadores infectem os oponentes, juntando-os à sua equipa. Embora este Multiplayer não seja absolutamente novo, para o standard de uma portátil é extremamente sólido e até viciante.
Apesar de tudo o que já foi dito, Resistance Retribution ainda tem mais para oferecer aos jogadores, como a hipótese de jogar com um comando Dualshock 3, ligando a PSP à PS3, e ainda a permite através da conexão a Resistance 2 infectar Grayson, o que altera não só algumas das situações de jogo como desbloqueia a capacidade para respirar debaixo de água, para assim aceder a certas áreas secretas.
Infelizmente este título não está livre de defeitos e um dos maiores prende-se com os tempos de Loading que antecedem cada missão, ou quando colocam a consola em Standby. Outro problema passa pelas fugas inexplicáveis da câmara que nos confundem por vezes, algo que não deveria acontecer, especialmente em batalhas contra bosses.
Ambos os Syphon Filter foram realmente bons jogos, mas Resistance Retribution não fica nada atrás, a acção é empolgante e os cenários embora algo repetitivos não se tornam realmente entediantes. O modo para vários jogadores permite aumentar ainda mais a longevidade, e a opção para infectar Grayson é um bom incentivo para repetir a aventura. Resistance Retribution é um jogo muito bom e altamente recomendado para todos os que gostam de jogos de acção.