Durante vários anos, os fanáticos pela modificação de PC's sempre lutaram para ter o seu computador actualizado, tendo em conta as novidades mais recentes. Há quem teste os PC's com programas de edição de imagem, outros com edição de vídeo e ainda quem o faça com renders em 3D.
Mas isso era apenas mais formas de testar, pois os jogos foram sempre a melhor forma de testar as capacidades de uma nova placa gráfica, ou um processador. Mas durante muito tempo, a melhor forma de testar um PC, era sem sombra de dúvida a instalação de Crysis. Se um computador conseguia correr Crysis no máximo, era sinal de que estava ao nível dos melhores.
Vários anos depois de Crysis ter sido lançado nos PC's, chegou a altura da Crytek anunciar o sucessor de Crysis, e para espanto de muitos, não foi apenas o PC a ser o contemplado com Crysis 2, tendo chegado também à PS3 e Xbox 360. Mas quezílias gráficas à parte, debaixo de todo o portento gráfico, será que Crysis 2 é melhor que o seu antecessor como FPS e jogo de acção?
Crysis 2 não é uma sequela directa do primeiro Crysis, mas as ligações estão lá. Longe vão os dias em que Prophet tinha de se embrenhar pela selva, entre vegetação luxuriante. Agora o cenário é outro, a selva dá lugar ao betão e à passagem para a zona citadina mais emblemática do mundo, nada mais, nada menos, que New York.
Sem tentar estragar muito do processo inicial da história, tudo o que precisam de saber é que aqui já não são Prophet, mas sim, Alcatraz um dos membros de uma equipa de Marines destacada para controlar a situação de crise que a cidade atravessa, após o grande surto de uma epidemia que começa a matar a população. Apanhados numa emboscada, grande parte da equipa é morta, e apenas Alcatraz sobrevive, sendo resgatado por Prophet. A partir daqui, cabe a Alcatraz vestir o Nano Suit e salvar a única pessoa capaz de parar o surto da doença, o Professor Gould.
Mas isto é só o início, pelo caminho, vão acabar por descobrir que existem mais factores a ter em conta, pois além da cidade estar sobre o controlo de uma equipa conhecida como C.E.L.L., capazes de atacar de forma impiedosa Alcatraz, existe ainda uma invasão alienígena, que faz com que existam vários encontros imediatos contra estes extra-terrestres.
De forma a sobreviver em New York, Alcatraz vai ter de aprender a usar todas as capacidades do Nano Suit, que sofreu alguns melhoramentos em Crysis 2. O Nano Suit é quase uma personagem, tendo uma voz integrada, que além de oferecer indicações bastante valiosas, ainda avisa constantemente o jogador sobre cada uma das alterações sentidas no cenário, ou activação das várias habilidades do fato.
Aqueles que não conhecem Crysis, devem estar a perguntar-se sobre o que são estas habilidades do Nano Suit. Pois bem, apesar de ser um FPS puro e duro ao estilo dos demais, as habilidades que podem activar através do fato mudam drasticamente a forma clássica de jogar este género.
Através dos níveis de energia acumulados no Nano Suit, vão poder desencadear habilidades especiais, entre as quais, um Sprint ainda mais rápido, um escudo absorvente de dano, invísibilidade, um salto bem mais alto, visão térmica, entre outras habilidades que vão desbloqueando ao longo do jogo. Quando activadas, estas habilidades começam a drenar a energia do fato, sendo necessário proceder com calma, com o objectivo de evitar ficar sem energia numa fase crítica.
Crysis 2 não força o jogador a jogar de uma forma específica, mas é notório que existem mais formas e hipóteses de proceder furtivamente, do que com arma em punho, disparando em todas as direcções. A inteligência artificial é bastante boa e altamente implacável, o que não vai poupar os mais incautos. Enquanto se habituam ao estilo de jogo de Crysis, preparem-se para morrer muitas vezes pelo caminho.
Apesar de não ser um mundo aberto, a recriação de New York levada a cabo pela Crytek apresenta muitas formas de chegar ao mesmo destino. Se procurarem bem, vão encontrar várias condutas, edifícios, esgotos ou até água, que possibilitam passar por uma zona sem serem notados. Claro que podem usar as habilidades do Nano Suit para abrir caminho à força, matando tudo e todos pelo caminho, mas esta não é sempre a melhor opção, pois os elementos da C.E.L.L. costumam chamar por reforços, que não tardam em chegar, cada vez em maior número.
De forma a fazer desta batalha um pouco menos injusta, cada vez que matam um Ceph (a raça alienígena) são galardoados com uma substância que permite que evoluam o vosso Nano Suit, desbloqueando novas habilidades e tornando o fato ainda mais forte. Caçar os Ceph nem sempre é fácil, pois estes são bastante ágeis, e andam constantemente aos saltos, de qualquer forma, a recompensa vale bem o trabalho empregue.
Outro elemento bem explorado em Crysis 2, ao contrário de outros jogos do género, é que este explora muito bem a verticalidade, havendo sempre algum perigo a surgir de uma zona inferior, ou algures de uma zona superior. Tendo em conta que estamos em New York e rodeados de edifícios, esta direcção foi muito bem escolhida, e oferece situações bastante tensas, tanto no modo campanha, como Online. A aproveitar isto, Crysis 2 parece ter retirado de outro jogo, a capacidade de trepar ao estilo de Mirror’s Edge. Caso saltem em direcção a um parapeito ou parede mais elevada, Alcatraz consegue agarrar-se e trepar para atingir uma zona mais elevada.
Falando no online, aqui Crysis 2 é um misto entre os seus elementos chave, como o uso das habilidades do Nano Suit, com os modos de jogo online de jogos consagrados do género, por isso, podem contar com um sistema de evolução à Call of Duty ou Killzone, havendo níveis para atingir e habilidades para desbloquear à medida que realizam novas missões específicas para cada jogador, além da típica experiência que vão ganhando ao longo das partidas. Como é também apanágio dentro do género, aqui também existem as famosas Killstreaks, que aqui dependem do cenário onde jogam. Mas se achavam que uma bomba atómica era "cool", esperem até poderem utilizar um Orbital Strike.
No modo Online podem contar com vários estilos de cenários, onde a verticalidade e a água são elementos importantes quase sempre presentes. Os modos disponíveis, são Instant Action (Free-for-all); Team Instant Action (Team Deathmatch); Crash Site (Domination); Assault (ao estilo de um Search and Destroy); Capture The Relay (Capture The Flag); e Extraction (um modo onde precisam recolher todos os implantes do Nano Suitpara vencer a partida.
Como podem ver, a análise de Crysis 2 aqui colocada é à versão PC, de qualquer forma, de modo a defraudar as expectativas dos leitores, conseguimos ainda experimentar a versão de PS3 e assim fazer uma pequena comparação entre as consolas e o PC. No que respeita ao PC, Crysis 2 é de facto um grande portento visual. Não vai conseguir definir novos padrões no que toca ao potencial gráfico, não havendo até muitas opções para personalizar o visual ao vosso gosto como acontecia com o primeiro jogo. Mas isso não quer dizer que Crysis 2 seja fraco a nível visual.
A New York de Crysis 2 é sem dúvida alguma imponente e gráficamente detalhada, mas não apenas a nível de estruturas e cenário. Quase todos os elementos extra, como os efeitos de luz, água, fogo e fumo, estão a um nível bastante elevado, sendo dos melhores vistos num jogo até hoje. Pode não ter o impacto que teve o primeiro Crysis, mas isso não o impede de ser um dos jogos visualmente mais bonitos desta geração.
Em relação às versões de consola, tendo a PS3 como a versão adicional, esta fica, como seria de esperar, bastante aquém da versão PC, parecendo uma versão media alta do que podem escolher na plataforma mais poderosa. Isso não impede que as consolas consigam correr o jogo com bastante fluidez e qualidade, sempre a 1080p nativos.
Falando então da componente sonora, Crysis 2 é muito forte a nível do som ambiente e música, especialmente tendo em conta que foi o próprio Hans Zimmer, o responsável pela mesma. Já no que toca às vozes e diálogos, estes não ganham o dia, pois, na maior parte dos casos, são demasiado exagerados ou forçados, ao ponto do, "estou a berrar porque mando, ou porque sou do exército". A melhor voz é mesmo a do Nano Suit, que mesmo assim acaba por se tornar repetitiva, após a centésima vez que ligam a invisibilidade.
Como seria de esperar, um jogo desta envergadura acaba sempre por chegar às lojas com alguns problemas. Um dos principais, são os erros que ocorrem por vezes com a inteligência artificial, levando os inimigos a correr contra paredes, andar em círculos, ou não verem Alcatraz, mesmo quando este se atravessa à sua frente. Existem ainda vários Bugs, que colocam objectos ou personagens a pairar no ar e o modo online ainda parece desafinado, havendo habilidades demasiado poderosas.
Em termos de longevidade, a Crytek está também de parabéns, pois não se fiaram apenas no modo online para garantir a longevidade. A campanha de Crysis 2 vai além das 10 horas de jogo e ainda vão ter muito para coleccionar caso queiram jogar novamente, algo que vale a pena fazer. Aqui, a única queixa é a falta de um modo cooperativo, que podia ter sido incluído, mesmo sem que fosse necessário alterar a história da campanha.
Embora não seja revolucionário, Crysis 2 é sem sombra de dúvida, um excelente FPS, que nesta continuação faz mais pela jogabilidade e pela história, do que propriamente pelo grafismo. Não me lembro de alguém falar de Crysis, além do grafismo de luxo e de andarem aos tiros às árvores, porque estas tinham espessura, mas de Crysis 2, levo algumas sequências de acção como recordação.
No que respeita a Crysis 2, na minha opinião, a Crytek conseguiu fazer um jogo que procura um balanço entre história, gráficos e o legado da franchise, o que o coloca no mesmo saco que os restantes FPS da nova geração. Se procuram uma alternativa futurista a Call of Duty, mas não tão futurista como Halo e Killzone, Crysis 2 é a vossa melhor aposta.
Grafismo de luxo na cidade que nunca dorme
Efeitos de água, luz, fogo e fumo impressionantes
Escolha na forma de abordar a missão
As habilidades do Nano Suit separam Crysis 2 dos demais