Command & Conquer é já um título de peso no mundo dos videojogos e, goste-se ou não do jogo, poucos serão aqueles que não sabem do que se trata. Quinze anos depois do primeiro título da franchise, chega agora Command & Conquer 4: Tiberium Twilight, mais uma extensão da história que promete pôr fim à Tiberium Saga.
O já imortalizado Kane (Joseph Kucan) está de volta, desta vez com um plano para parar a proliferação de Tiberium pelo mundo fora. A história de Command & Conquer 4: Tiberium Twilight tem lugar no ano de 2062 - 15 anos depois dos acontecimentos de Command & Conquer 3: Tiberium Wars - altura em que a raça alienígena Scrin foi derrotada.
Agora, com o Tiberium a aparecer por todo o mundo a um ritmo alucinante, as esperanças para a humanidade são poucas. É esta a razão que leva Kane, líder da Brotherhood of Nod, a dirigir-se aos headquarters da GDI (Global Defense Initiative) e a propor um acordo. É claro que, como não poderia deixar de ser, este cessar-fogo não dura muito tempo, e o jogador terá, mais tarde ou mais cedo, de escolher um dos lados.
O modo single-player de Command & Conquer ficou famoso ao incluir live-action full-motion videos (FMV) nas suas sequências de diálogo e interacção entre personagens, e este último capítulo não é excepção. É uma pena que os actores não sejam os mesmos de Tiberium Wars, e que a equipa não tenha conseguido encontrar um cast à altura. Quem não gostava de ouvir os conselhos de Tricia Helfer (Battlestar Galactica) ou Jennifer Morrison (House M.D.), ou receber as ordens directamente de Michael Ironside (Top Gun) ou Josh Holloway (Lost)?
Um dos pontos que qualquer fã de Command & Conquer notará, logo à partida, é a alteração do sistema de jogo. A tradicional recolha de recursos desapareceu totalmente deste título, assim como a construção de bases. Em vez disso, tudo passa por um controlo de pontos estratégicos, o que nos oferece uma acção muito mais rápida.
São muitas as vozes que apontam esta alteração como uma das facadas no coração dos fãs, mas para ser honesto não me parece uma decisão completamente descabida. Numa franchise que já conta com uma boa mão cheia de títulos, a EAdecidiu inovar e apostar num conceito de jogo um bocado diferente daquilo a que estávamos habituados. Se resulta bem ou não, dependerá dos gostos de cada um (a opinião generalizada é a de que não resulta, de facto, muito bem), mas pessoalmente não embirrei muito com este ponto.
Em Command & Conquer 4: Tiberium Twilight, poderemos escolher um dos três tipos de jogo: Offense, Defense ou Support. Assim que começamos uma missão, teremos a possibilidade de escolher a base correspondente, a qual surge numa forma móvel (denominada Crawler). Esta unidade é a mãe de todas as outras, aquela que irá originar os restantes elementos do nosso exército.
A partir do nosso Crawler, que pode passar de veículo para base e vice-versa em qualquer parte do cenário, podemos construir as unidades que quisermos, sejam elas veículos, infantaria, engenheiros, entre outras. Poderemos mesmo ordenar que as unidades sejam construídas em movimento, para que tenhamos um exército pronto assim que estabelecermos a base.
A disponibilidade destas unidades irá depender da classe que escolhemos: se jogarmos enquanto Offense, teremos acesso a veículos e unidades de destruição; se jogarmos enquanto Defense, poderemos escolher infantaria ou bunkers, os quais poderão ser ocupados pelos soldados; já se escolhermos Support, teremos a oportunidade de escolher unidades aéreas e ainda de realizar ataques especiais no mapa, tais como ordenar um air strike ou regenerar o HPde todas as unidades num determinado raio.
Como já deverão ter percebido, Command & Conquer 4: Tiberium Twilight conta, de facto, com um modo de jogo rápido. Se o vosso pelotão for aniquilado, poucos segundos depois poderão ter outro grupo de soldados prontos para a guerra. Para além disso, é também possível trocar de estratégia repentinamente. Se não estiverem satisfeitos com a vossa estratégia Offense, poderão destruir o vosso Crawler e ordenar que vos seja enviado outro, desta vez com as características de Defense ou Support.
É claro que não podemos construir um exército do tamanho do mundo, visto que as unidades são agora avaliadas em Command Points enquanto estão activas. Se tivermos 50 Command Points disponíveis para uma certa missão, e tendo em conta que quase todas as unidades valem mais de um ponto, nunca iremos ter um exército massivo. No entanto, existe o já conhecido sistema de level-up das unidades, as quais, à medida que vão destruindo inimigos, vão subindo de rank. Assim que a vossa unidade atingir o terceiro e último rank(a famosa estrela dourada), esta será muito mais eficiente em campo do que uma unidade igual acabada de criar.
Tudo isto é complementado pelo sistema de upgrades do jogo, o qual vai ser desbloqueado enquanto vamos avançando nas missões e ganhando experiência (XP). No final de cada missão ser-nos-á apresentado um quadro com essa dita experiência, a qual pode ser adquirida realizando várias acções nas missões ou até jogando em multiplayer.
É assim que funciona este novo Command & Conquer. No que toca à apresentação do jogo, não existem queixas a apresentar. Nota-se que toda a componente gráfica foi bem trabalhada, desde as unidades aos cenários, passando pelas explosões ou pelos efeitos, que estão muito agradáveis à vista. Sobre as cut-scenes não há nenhuma crítica a apontar, visto tratar-se de FMV, embora seja verdade que, sem contar com Kane, não existe nenhuma personagem que se destaque especialmente.
O campo da sonoplastia também está bem conseguido. Contudo, poucos serão os jogos onde a música vale por si, e Command & Conquer 4: Tiberium Twilight não é um desses casos. Pessoalmente, preferi a banda sonora dos jogos Red Alert (quem não se lembra da Hell March), mas a música deste novo título não deixa de passar aquele sentimento épico ao jogo, respondendo bem àquilo a que se propõe. O resto dos sons são o típico a que já estamos habituados nos jogos da série: tiros, motores, correntes, pequenas interjeições quando seleccionamos as unidades, e por aí fora.
Uma das novidades foi a inclusão de um sistema de chat no menu principal. Agora, assim que entramos no jogo seremos automaticamente colocados numa sala de conversa onde poderemos convidar amigos para parties, iniciar jogos Solo Co-op ou multiplayer e, claro, conversar. Foi engraçado ver a frustração de muitos utilizadores com este novo Command & Conquer, sem perceber muito bem se estavam a exprimir uma opinião sincera ou se estavam meramente a entrar na onda do "ouvi dizer, logo deve ser verdade".
No que toca à vertente mutiplayer, os jogadores poderão escolher entre jogar em modo Solo Co-op (onde poderemos jogar a campanha com outra pessoa) ou batalhar contra outros jogadores. Nesta segunda opção poderemos escolher o modo Domination, onde teremos de controlar pontos estratégicos do mapa. O multiplayeré uma experiência engraçada, mas não é algo que, só por si, nos agarre ao jogo.
Resumindo, Command & Conquer 4: Tiberium Twilight foi um jogo que, segundo a opinião generalizada, espetou uma facada nas costas dos fãs. Talvez por não ser fã acérrimo da saga, não fiquei extremamente chateado com as alterações que implementaram. Embora goste de construir bases (muitas vezes durante mais de metade do nível), o desaparecimento da recolha de recursos não me diz nada, e consegui adaptar-me bem à jogabilidade e àquilo que me era pedido.
Ainda assim, consigo entender que muitos foram aqueles que viram a essência de Command & Conquer morrer nos últimos jogos da série. Para mim, a maior falha deste último título foi a história; a série Tiberium merecia um jogo final épico e apenas conseguiu um jogo assim-assim.
No entanto, Command & Conquer 4: Tiberium Twilight não deixa de nos entreter durante umas horas. Não é o melhor da série, nem sequer é um jogo excepcionalmente bom, mas também não é propriamente o horror que muitos crêem que é. Joguem por vossa conta e risco: se são fãs da série, talvez venham a fazer parte daqueles que vaiam a EA Los Angeles no chat do jogo; se apenas querem passar o tempo enquanto esperam por um lançamento próximo, Command & Conquer 4: Tiberium Twilight serve perfeitamente esse propósito.
Regresso de Kane;
Detalhes gráficos e sonoros;
Conclusão da 'Tiberium Saga'.
História mediana;
Mapas relativamente pequenos;
Nova forma de jogo poderá não agradar a todos.